A pandemia do COVID-19, ou Coronavírus, fez com que as economias de todos os países fossem afetadas, nos mais variados segmentos de mercado.
Dentre os segmentos mais afetados estão as companhias aéreas. A fim de conter a transmissão do vírus, muitos países determinaram o fechamento total ou parcial de aeroportos, o que implicou no cancelamento de milhares de voos por período indeterminado. E mesmo nos voos ainda permitidos, o número de passageiros caiu drasticamente.
De acordo com a estimativa da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), as companhias aéreas devem perder cerca de US$ 113 bilhões (R$ 523 bilhões) em receita no ano de 2020 devido ao impacto do vírus.
No exterior, diversas companhias anunciaram prejuízos devido à redução de passageiros e cancelamento de voos.
A Southwest Airlines, a maior companhia de aviação de baixo custo do mundo, anunciou que antecipava prejuízos entre 200 milhões a 300 milhões de dólares no faturamento do primeiro trimestre.
A Lufthansa, que anunciou, no dia 13 de março, que reduziria sua capacidade em até 50% nas semanas seguintes para enfrentar as consequências financeiras da crise, após sofrer no dia anterior o cancelamento de 7,1 mil voos.
Há também casos como o da companhia aérea AirAsia, que lançou uma promoção com 6 milhões de passagens, algumas delas de graça, em meio ao baixo número de passageiros.
De acordo com o South China Morning Post, a China, o país mais afetado pelo COVID-19, enfrenta uma drástica diminuição no número de voos internacionais e também nacionais. Há relatos de passagens entre Xangai e Chongqing sendo oferecidas por apenas US$ 4,10
Segundo dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, a indústria do turismo representa 10% do emprego global, e a situação decorrente da pandemia do Coronavírus é tão grave, que as perdas para o setor de turismo, como um todo, podem chegar a US$ 70 bilhões.
Os primeiros reflexos no mercado aéreo global vieram em janeiro, quando a crise na China começou a ter maior divulgação no exterior, e os voos começaram a ser restritos.
No Brasil, parte significativa da operação das companhias aéreas está no mercado doméstico, sendo menos impactado do que companhias que dependem mais de rotas internacionais, principalmente Ásia e Europa. Ainda assim, voos internacionais partindo do Brasil tiveram queda de 10,2% na demanda em janeiro o que começou progressivamente a desvalorizar as ações na bolsa.
Ao fim do pregão de 10 de março, as ações da Gol tinham caido 65% no acumulado de 2020, enquanto as ações da Azul tinham caído 58% e as da Latam, 47%.
O mercado da aviação é, por si só, um dos mais voláteis financeiramente. A dependência de fatores como o dólar e o preço do combustível fazem com que os altos custos operacionais tornem as margens de lucro pequenas. Juntando os efeitos de redução de demanda devido à crise do coronavírus, fez com que as companhias tomassem medidas drásticas de redução das operações e controle de custos.
A empresa também já reduziu 30% de seu fluxo de voos internacionais, em consequência ao fechamento de diversos aeroportos ao redor do planeta.
A Gol cancelou desde o dia 23 de março todos os voos internacionais e disse em nota que está fazendo uma readequação da malha doméstica com início a partir do dia 28 de março.
A companhia estima que vai reduzir sua oferta de voos domésticos entre 50% e 60% e no total, a companhia espera diminuir entre 60% e 70% suas operações até meados de junho.
Neste período, somente as operações entre capitais serão mantidas. A malha nos próximos meses terá 50 voos diários, conectando todos os estados brasileiros ao aeroporto internacional de São Paulo.
Em comunicado, a companhia aérea Latam, informou que reduzirá seus voos em 70%, diante dos desdobramentos da pandemia do coronavírus.
A empresa afirmou que, devido ao fechamento de fronteiras em vários países e a subsequente queda na demanda, os voos internacionais serão reduzidos em 90%, principalmente os voos da América do Sul à Europa e aos Estados Unidos, enquanto os domésticos terão diminuição de 40%.
A campanha da GOL, veiculada nas redes sociais da empresa teve como função, prestar esclarecimentos aos consumidores através de uma declaração oficial do Presidente Paulo Kakinoff no dia 13 de março.
Em seguida, no dia 14 de março, a GOL iniciou uma bateria de publicações em suas redes, tranquilizando e instruindo os clientes em como solucionar seus problemas em relação a cancelamento e remarcação de passagens.
Confira abaixo o pronunciamento oficial do Presidente da GOL, Paulo Kakinoff no dia 13 de março.
Como a GOL está lidando com o Coronavírus.
Sua segurança é o nosso maior compromisso. Como a GOL está lidando com o Coronavírus.
Posted by GOL Linhas Aéreas on Friday, March 13, 2020
No dia 16 de março foi a vez do CEO da LATAM, Jerome Cadier, fazer uma declaração detalhando as ações da companhia em frente à crise.
A Latam também fez diversas postagens se comunicando diretamente com os clientes e provendo informações para aqueles que precisam viajar e/ou remarcar suas viagens.
Confira abaixo a declaração feita pelo CEO da Latam, Jerome Cardier
Saiba o que estamos fazendo para enfrentar o Coronavírus. Nosso CEO, Jerome Cadier, fala sobre importantes medidas que estão sendo tomadas pela companhia. Em tempos difíceis, o nosso compromisso é ainda mais forte.
Posted by LATAM Airlines on Monday, March 16, 2020
A declaração reforça o compromisso de manter os clientes e colaboradores informados sobre os posicionamentos e estratégias que a Azul tem utilizado para se adequar as medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde e oferecer um ambiente seguro e saudável para a tripulação e os viajantes.
Confira a declaração oficial da equipe da Azul Linhas Aéreas abaixo:
Mensagem da Família Azul para você
Aqui na Azul, a nossa missão é oferecer aos nossos Clientes a melhor experiência de voo! São quase 14.000 Tripulantes dedicados em promover bem-estar e garantir segurança.No cenário que estamos vivendo, com os desdobramentos do coronavírus (COVID-19), temos o compromisso de manter todos informados sobre o que a Azul tem feito e continuará fazendo para se adequar e para promover um ambiente seguro, saudável e com o máximo de conforto.Confira no vídeo a seguir:
Posted by Azul Linhas Aéreas Brasileiras on Tuesday, March 17, 2020
Reações nas redes sociais
Apesar das mensagens tranquilizadoras e reconfortantes postadas pelas empresas, as restrições de viagem e cancelamentos levaram muitos passageiros às redes sociais para expressar seus sentimentos com relação ao modo como as companhias aéreas trataram seus passageiros nessa época.
A Azul recebeu 6234 comentários no período, sendo que 29,4% foram positivos e somente 17,1% foram negativos (o restante foi classificado como neutro).
A Gol recebeu 10147 comentários no período, sendo que somente 11,4% foram positivos e 28% foram negativos.
A Latam recebeu 16833 comentários no período, sendo que somente 7,9% foram positivos e 34,1% foram negativos.
Das 3 empresas, a Latam foi a que mais comentários negativos recebeu (percentualmente). Esse tipo de análise indica como foi a percepção dos clientes ao tipo de resposta dado pelas empresas aos problemas decorrentes da crise do coronavírus. Em termos dos sentimentos expressados pelos usuários, a Azul parece ter sido a empresa que melhor soube gerenciar as relações com seus clientes, seguida da Gol, e por último a Latam.
Em tempos de crise como a que passamos, é essencial que empresas saibam gerenciar seus negócios, colaboradores e clientes da melhor forma possível. Isso requer atitudes corretas e eficazes, transparência, e comunicação efetiva com todas as partes envolvidas. E constante monitoramento e correção de curso caso suas atitudes e comunicação não estejam atingindo os objetivos.
PS: Interessado em gestão de crises? Então não deixe de ler nosso outro artigo sobre Crises de Relações Públicas e as Redes Sociais.
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