Você consegue distinguir os influenciadores virtuais dos reais (i.e., humanos)?
Antes de rolarem a página para baixo, olhem com cuidado estas imagens e escolham as influenciadoras ou influenciadores “reais”, isto é, não gerados por computadores.
Da esquerda para a direita, de cima para baixo, estes influencers são:
Se você achou que alguns deles são pessoas reais, você se enganou. Todos os 6 acima são “pessoas” criadas por computador, ou CGI influencers (CGI = computer-generated imagery). Os perfis são robôs, mas o alcance e influência que eles comandam são bem reais!
Apesar de se comportarem nas redes sociais como humanos, nenhum deles “tenta” se passar por um humano. Em suas descrições no Instagram, fica bem claro o que propõem ser. Miquela se apresenta como “19 / Robot / LA”; Bermuda se autodenomina “Robot Queen”; Blawko se apresenta como “Low-life and high-tech in the City of Angels”. Liam Nikuro diz ser “NBA Washington Wizards Official Virtual Influencer”; Imma se apresenta como “I’m a virtual girl. I’m interested in Japanese culture, film and art”, e por fim, Shudu diz ser “The World’s First Digital Supermodel”.
Estes influenciadores virtuais desempenham o mesmo papel que influenciadores humanos, isto é, elas ou eles, falam sobre suas “vidas”, seu dia-a-dia, seus gostos, tristezas, e é claro, seus produtos “preferidos”.
Todos estes influencers foram criados por agencias digitais, experts em CGI, como Brud and The Digiitals, entre outras. Esta agencias são responsáveis por criar e desenvolver o personagem nas mídias sociais, lhes dar uma vida e um propósito, que eventualmente consigam atrair marcas e anunciantes. Instagram é, de longe, o meio preferido dos influenciadores virtuais.
As marcas estão prestando atenção. Por um lado, estes virtual influencers permitem um controle maior sobre a mensagem a ser veiculada, afinal é uma mensagem digital que pode ser editada. Por outro lado, os seguidores têm que acreditar na transparência e autenticidade da mensagem. Se ficar óbvio que o influenciador virtual é simplesmente programado para divulgar qualquer mensagem por um preço, isso pode dar para trás e repercutir mal na marca. Mas esse não é um problema restrito aos influenciadores virtuais, influenciadores humanos também têm que passar a imagem de autenticidade.
Influenciadores virtuais vieram para ficar, e as marcas que souberem colaborar melhor com esses avatars e seus criadores, terão acesso a uma nova e enorme audiência. Segundo uma pesquisa da Fullscreen, 42% da Geração Z e Millenials já seguiram um influenciador virtual sem saber que era virtual; e 55% dos seguidores de influenciadores virtuais já fizeram um compra motivada pelo influenciador virtual. Marcas como Valentino, Prada, Kenzo, Renault, KFC e outras já utilizaram influenciadores virtuais.
Alguns marketing experts acreditam que os influenciadores virtuais devem assumir suas identidades digitais e se separar de imagens humanas, para evitar conflitos, e para poderem dar vôos criativos bem maiores e desconectados das limitações humanas. Outros já consideram estes influenciadores virtuais uma competição direta aos influenciadores humanos. E há alguns que acham que influenciadores virtuais representam uma novidade, uma tendência passageira que não vingará. Há muitas questões éticas envolvendo o uso de influenciadores virtuais que não estão sendo claramente enfrentadas. Por exemplo, se um programador branco cria um avatar virtual negro e se beneficia financeiramente, isso poderia ser visto como uma apropriação racial indevida.
A sociedade e a resposta dos consumidores a este novo tipo de marketing eventualmente determinarão como os influenciadores virtuais serão aceitos e seu sucesso como veículos de marketing.
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